PROVAS PIAGETIANAS

Provas de classificação:

Prova de mudança de critério - dicotomia

A) Descrição de material

40 figuras geométricas
5 círculos pequenos azuis
5 círculos pequenos verdes
5 círculos grandes azuis
5 círculos grandes verdes
5 quadrados pequenos azuis
5 quadrados pequenos verdes
5 quadrados grandes azuis
5 quadrados grandes verdes
1 caixa com divisória interna




B) Execução
O avaliador coloca as fichas em desordem sobre a mesa e pede à criança que as descreva: “Diga-me o que você está vendo”.
Classificação espontânea – consignas possíveis: “Pode reunir em grupos todas aquelas fichas que podem ficar juntas”. ”Ponha junto aquelas que se parecem muito.” Quando a criança termina, pergunta-se o porquê da sua classificação. Por exemplo: “Por que as colocou desta maneira?” (anotar a resposta).
Dicotomia: apresentar a tampa com a divisão e propor: “Agora, poderia fazer somente dois montes (grupos) e colocá-los nestes dois espaços?” Quando a criança terminar: “Por que colocou todas essas juntas? E aquelas? Como poderíamos chamar este monte? E aquele?” (anotar).
Primeira mudança de critério: “Poderia colocar agora de outra maneira em dois montes?” Se a criança voltar ao primeiro critério, dizer: “Mas isto você já fez, pode encontrar outra maneira de colocar junto o que pode ficar junto em dois montes?” Se for necessário, o avaliador inicia a classificação e pede à criança que continue.
Segunda mudança de critério: “Poderia colocar agora de outra maneira em dois montes?” “Pode dispô-lo de novo de outra maneira?” Às vezes é conveniente pedir à criança que recapitule as outras classificações: “Como você colocou da primeira vez, e depois?”

C) Avaliação
Resposta do nível 1 – coleção figural: corresponde ao pensamento intuitivo global (4/5 anos). A criança deste nível só pode agrupar as fichas levando em conta não a totalidade delas e sim as semelhanças qualitativas (forma, tamanho, cor, etc.) de um elemento com outro (relação de proximidade). Quer dizer, sabe reconhecer a igualdade ou a diferença entre duas fichas, mas não pode ter em conta a relação simultânea de cada ficha com as demais. Esta limitação não lhe permite chegar à classificação de todas segundo um critério. Por exemplo: cor, ou seja, dispor de um plano pré-estabelecido para a classificação. É esperado, que a intenção da criança em ordenar as fichas vá mudando de critério freqüentemente e ela pode não utilizar todos os elementos dados. Encontramos dois tipos freqüentes de conduta.
Alinhamento: chamamos assim por sua disposição linear. A criança alinha algumas fichas que têm um par. Tem mudança de critério e geralmente não esgota o material.
Figuras complexas: aqui a criança tenta agrupar algumas fichas em um conjunto espacial, tendo em conta não tanto a relação de uma ficha com outra (acentuação na semelhança, própria do alinhamento) e sim quem coloca cada elemento em relação com outros (acentuação da relação de pertinência), tomados como partes de um conjunto organizado ou com sentido, do ponto de vista de sua forma total. O conjunto total pode referi-se a uma mera forma geométrica (ex: simetria) ou ter um significado empírico (ex: “uma casinha, um nenê”) que geralmente a criança expressa verbalmente.
É claro que as condutas classificatórias deste nível não constituem verdadeiras classificações (não há coordenação entre a compreensão e a extensão próprias de uma classe), daí o nome de coleções. O qualitativo figural faz referência às formas especiais em que se dispõe a ficha.


Resposta do nível 2 – coleções não figurais: corresponde ao nível de pensamento intuitivo articulado. A criança deste nível pode agrupar as fichas em pequenas coleções tendo em pequenos montes fundados em uma só semelhança, mas estas coleções se justapõem, sem nenhuma relação entre si: “é o monte dos quadrados grandes azuis, dos círculos pequenos azuis, dos círculos grandes verdes, etc.”, mas, para criança não estão incluídos ou engajados em uma classe mais geral (figuras geométricas, neste caso). Em termos mais teóricos, diríamos que a criança é capaz de começar a coordenar a extensão com compreensão mais ainda não é possível compreender a inclusão e, portanto, sua classificação ainda segue sendo uma coleção. As crianças mais avançadas deste nível chegam a um começo de reagrupamento das sub-coleções em classes gerais; ex: agrupam as fichas verdes e, por outro lado, as azuis, mas não são ainda capazes de formular uma antecipação ou previsão de critérios. Muitas vezes, necessitam que o experimentador inicie a classificação, para poder continuá-la. Uma conduta possível é que a criança opte (na classificação espontânea) por vários critérios simultâneos, mais ainda não pode ser considerada uma classe, pois esta surge, como se sabe, de uma operação lógica que, como tal, organiza todo o universo disponível (neste caso, todas as fichas), determinando uma hierarquia inclusiva.

Respostas de nível 3 – Dicotomia segue os três critérios: as condutas deste nível são as próprias de um pensamento operatório. A criança já pode realizar classificações hierárquicas, o que permite predizer, efetuar e recapitular corretamente as três dicotomias sucessivas segue os três critérios diferentes: forma, tamanho e cor. No início deste nível, a criança pode descobrir a terceira dicotomia, basta um simples insinuação do avaliador para que ela capte o critério classificatório restante.

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